Criar interfaces complexas e dinâmicas para interagir em um ambiente real, por exemplo, um painel de controle com diversos botões e instrumentos de leitura para operação, que na realidade não existem, apenas o painel e uma interface digital com o operador, aparecendo a experiência dos botões e os instrumentos, podendo interagir como se fossem reais.

Este desejo já pode ser realizado através da Realidade Aumentada RA, ou Augmented Reality (AR), tecnologia habilitadora da Indústria 4.0, já é uma realidade na indústria.

Em nosso texto vamos descrever de forma breve, com os principais pontos sobre a RA, falando sobre o seguinte contexto, lembrando que este texto não esgota o assunto:

  • Obter, através da Realidade Aumentada RA, dados em tempo real no equipamento ou processo, do status de produção e suas tendências
  • Ter o diagnóstico do ativo em tempo real com a RA, tendências e suporte quanto ao modo de manutenção
  • Interagir em tempo real no campo, na produção e manutenção, com o equipamento ou processo usando a RA

Para colocar foco em um assunto tão extenso, vamos limitar nosso tema as seguintes questões:

  • O que é a RA Realidade Aumentada e sua evolução
  • Como funciona a RA e suas tecnologias
  • Como aplicar a RA na Indústria

A realidade aumentada não é tema recente, veja um breve histórico resumido dos principais pontos de sua evolução:

1968 – PRIMEIRO HEADSET

  • Desenvolvido por Ivan Sutherland
  • Usado para mostrar desenhos em uma tela simples

1990 – REALIDADE AUMENTADA

  • O termo foi cunhado pela primeira vez
  • Pelo pesquisador da Boeing Tom Cludell

1994 – DANÇA NO CYBERSPACE

  • 1ª produção de teatro AR por Julie Martin
  • Projeção em destaque de objetos virtuais

2009 – AR PARA WEB

  • Trazido por Hirokazu Kato – ARToolKit
  • Um kit de ferramentas de código aberto para desenvolver conteúdo AR

2017 – AR KIT E AR CORE

  • Lançado pela Apple e Google Respectivamente
  • Experiência otimizada com iOS e Android

As experiências sobre realidade variam desde o ambiente real (físico) até o ambiente totalmente virtual, podendo ter um ambiente de Realidades Misturadas, este conceito de aplicações se dá pelo estudo do CONTÍNUO DE MILGRAM.

De tudo isso, podemos então, conceituar a RA, sendo, Realidade Aumentada RA (Augmented Reality), é uma tecnologia que associa o objeto físico com o objeto virtual criado, permitindo ao usuário a integração em um único ambiente, podendo obter informações em tempo real e interagir no ambiente, criando uma experiência de múltiplas dimensões.

Benefícios da utilização de Realidade Aumentada

A utilização de RA, promove diversos benefícios, podemos listar alguns abaixo:

  • Estar fisicamente no ambiente a ampliar a dimensão de informações em tempo real
  • Tomar decisões com informações processadas de tendência e futuro projetado
  • Interagir no ambiente sem elementos físicos, aumentando a velocidade e reduzindo custos
  • Interação entre diversos usuários da RA em ambientes diversos, podendo trocar informações e ações

Ainda que a tecnologia já esteja sendo utilizada, temos diversos desafios ainda para melhorar em termos de aprimorar cada vez mais a experiencia:

  • Aproximar ao máximo o campo real do virtual (experiencia – latência)
  • Interação e resposta dos dois ambientes iguais
  • Interface vestível e o mais natural possível
  • Sistema em aprendizado para interação
  • Nova cultura

A composição da tecnologia habilitadora de RA, basicamente está na centralização de um sistema que gera o ambiente ou realidade, além dos componentes que farão parte da interação, um sistema computacional de alta capacidade, conectado a um processo e uma camada de IoT Internet das Coisas, podendo interagir, quanto ao usuário da experiência, ele pode utilizar um óculo de RA, um tablet ou celular.

Funcionamento da Realidade Aumentada

O funcionamento do sistema de RA se dá através do desenho do ambiente referenciado, o mais próximo da realidade com os objetos sobrepostos, com interação dos dados do processo, o sistema RA mistura e interage os dois, permitindo total interação sobreposta do digital sobre o físico.

A sensação de interação dentro da experiência se dá através de localização referenciada, onde há associação por:

  • Por marcadores, que podem ser molduras impressas
  • Marcadores fiduciais, isto é, imagens que representam um objeto conhecido do sistema (uma porta ex.)
  • Sensores ópticos, magnéticos, algo que interaja um sinal no sistema
  • Por GPS integrado

Para a marcação do objeto referenciado que será sobreposto, utiliza-se a técnica dentro da tecnologia da RA, chamada de Tracking ou Rastreamento, que é:

  • Baseado em Visão
    • Com sensores Infra Vermelho
    • Com identificadores visíveis
    • Com marcadores fiduciais
  • Quadrado Plano
  • Círculos concêntricos
  • Formas geométricas específicas
    • Com marcadores naturais
    • Com rastreadores do modelo dos objetos (linhas, círculos, etc)
    • Com rastreamento da estrutura 3D da cena
  • Demais sensores
    • Magnético
    • GPS
    • Sensores Inerciais
  • Híbrido

As cenas, onde chamamos as telas que aparecem na experiência, podem ser:

  • 1D – Texto
  • 2 D – Gráficos ou cenas
  • 3 D – Objetos acrescidos a cena

E a RA, se caracteriza pelo tipo de visualização que a experiencia e interação promove, sendo os tipos:

Quanto à Direção de Visualização:

  • Visada Direta (manipulação e observação na mesma visada, usuário determina a direção de observação)
  • Ótica (elemento virtual projetado sobre a observação do real) por Vídeo (elemento virtual inserido na reprodução do real)
  • Visada Indireta (manipulação e observação em visadas diferentes, usuário não determina a direção de observação)
  • Projetor (imagem aumentada é apresentada em um plano)
  • Monitor (imagem aumentada é apresentada em um monitor)

Quanto ao Controle da Visualização:

  • Acoplado à cabeça
  • Acoplado à mão (Handheld)
  • Desacoplado (Ponto fixado no ambiente)

Para implantar um sistema de RA, leva-se em conta o seguinte roteiro, lembrando que não é tema de nosso texto explicar cada etapa:

  • Coletar dados do processo a ser virtualizado e sobreposto
  • Criar o modelo e desenho das interfaces o mais próximo da realidade
  • Criar o mapeamento dos pontos de movimento do ambiente e interação
  • Criar a experiência, unido o ambiente, referencias, pontos, movimento e interação
  • Visualizar e utilizar

Como podemos ver não há limite quanto a aplicações de RA, em nosso caso, vamos pontuar algumas aplicações na indústria, foco de nosso tema:

  • Operação de processos local sem interface física
  • Monitoramento de ativos para manutenção conectados na rede
  • Acompanhamento de produção na linha
  • Análise de qualidade de produto em tempo real na produção
  • Suporte para manutenção integrado a distância
  • Análise de cenários a partir de eventos no ambiente local

O conceito de virtualização é amplo, podemos ter diversas associações quanto a Realidade Aumentada e Realidade Virtual, podemos listar abaixo alguns outros tipos de realidade e experiências:

  • Realidade Misturada ou Mista (RA + RV)
  • Virtualidade Aumentada – VA
  • Realidade Diminuída – RD
  • Hiper Realidade – HR (RA+RV+IA)
  • Realidade Cruzada – RC (sentidos)
  • Realidade Ubíqua – RU – Interagir no Mundo
  • Realidade Pervasiva – RP – O Ambiente se transforma

Em relação a continuidade da evolução da RA, podemos pontuar algumas tendências para acompanharmos e ficarmos atentos:

  • Mudança radical na questão interface na indústria
  • Equipamentos vestíveis
  • Interação com Voz e IA Inteligência Artificial

Conclusão

Concluímos que a Realidade Aumentada é uma Tecnologia Habilitadora da Indústria 4.0, é uma tecnologia que evoluiu e é uma realidade para aplicações na indústria, mudando o formato de interações Homem-Máquina, ajudando a construir a Indústria Digital, mais inteligente, segura e competitiva.

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Márcio Venturelli trabalha há 30 anos no mercado de Automação Industrial, desenvolveu sua carreira ao longo do tempo com foco em Inovação e Novas Tecnologias, especializou-se em Digitalização e Indústria 4.0, atualmente é Coordenador Técnico do Instituto SENAI de Tecnologia e Professor de Automação Industrial, como foco em Transformação Digital. Trabalhou em diversos projetos e implantação de sistemas de controle e automação industrial, no Brasil e no exterior, além de ser professor de graduação e pós-graduação nas áreas de automação e gestão industrial e desenvolver pesquisa aplicada nas áreas da Indústria 4.0. Graduado em Ciência da Computação com especialização em Controle e Automação Industrial, possui pós-graduação Ciência de Dados, Gestão Industrial e Tecnologia do Petróleo e Gás e MBA em Estratégica de Negócios. Foi membro do Comitê de Convergência de TO-TI do IBP Instituto Brasileiro do Petróleo, diretor de tecnologia da PI Profibus International e diretor de tecnologia da ISA Sociedade Internacional de Automação, coordenador do comitê setorial do Ceise Br - Centro das Indústrias de Bioenergia.

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