A quarta edição do Siemens Innovation Forum 2022, focado em transformação digital e inovação em infraestrutura, indústria e ecossistemas relacionados, recebeu clientes, parceiros e colaboradores em São Paulo no dia 30 de agosto no Hotel Hyatt, em São Paulo.
Parte de sua programação foi transmitida online, apontando caminhos para a transformação digital da indústria e o futuro do planeta. As apresentações aconteceram presencialmente na parte da manhã para convidados e à tarde mais de dois mil participantes acompanharam as discussões virtualmente.
Pablo Fava, CEO da Siemens, recebeu Judith Wiese, Diretora Global de Pessoas e de Sustentabilidade e membro do Board da Siemens AG, na abertura do evento, sob mediação de Ariane López, Head de Comunicação da companhia.
O tom da abertura sobre a urgência da transformação das empresas permeou todos os painéis que se sucederam durante o dia. No palco, Fava lembrou que a transformação digital é a alavanca fundamental da eficiência.
“O Brasil quer ser importante no mundo, gerar valor e empregos. A digitalização hoje é o que, no passado, foi a máquina a vapor ou os sistemas automatizados. É uma nova revolução”, afirmou o CEO, comentando que essa transformação, ao contrário das anteriores, que levavam décadas para serem consolidadas, vai acontecer de forma muito mais rápida. Pablo chamou a atenção para a disponibilidade de um aplicativo, no próprio evento, projetado para aferir a maturidade de uma empresa ou negócio.
Judith comentou que a Siemens é uma empresa focada em tecnologia há 175 anos com o objetivo de melhorar a vida das pessoas. “Nosso envolvimento com empresas no Brasil é essencial para contribuir com a digitalização da economia brasileira. O Brasil também é um ícone, por causa da Amazônia. Queremos contribuir com nossa tecnologia para os esforços de sustentabilidade de nossos clientes e, assim, proteger esse grande patrimônio”.
A executiva reforçou que a Siemens aborda a questão da sustentabilidade com um framework chamado DEGREE, um acrônimo em inglês para as palavras Descarbonização, Ética, Governança, Eficiência de recursos, Equidade e Empregabilidade.
“A Siemens foi uma das primeiras empresas a aderir aos compromissos de descarbonização lançados anos atrás. Mas isso ainda tinha mais a ver com nossas próprias operações. Ficou claro, no entanto, que a sustentabilidade não é apenas uma necessidade, é também um bom negócio. Moldamos nossos negócios para ajudar nossos parceiros a reduzir suas emissões e alcançar seus objetivos também. O fato é que nosso planeta não será viável sem uma ampla conscientização em todos os setores, em todos os países, e não apenas oferecemos soluções, mas também formas de acelerar essa transformação”, disse ela.
Encerrando o primeiro bate-papo, Fava complementou lembrando o início da história da empresa. “A Siemens começou como uma startup, em Berlim, e continua sendo relevante e gerando inovação porque isso faz parte da cultura da empresa. O fato é que, hoje, ninguém mais faz nada sozinho. A inovação nasce de parcerias, como as que temos com algumas entidades e universidades, pesquisadores e clientes”, acrescentou o CEO.
Mundo real e digital
Avançando na programação, o painel Acelerando o mundo real e virtual reuniu Dirk Didascalou, CTO Global da Siemens Digital Industries, remotamente de Munique, na Alemanha, Bernardo Fernandes, Head de Power Technologies International da Siemens nos EUA, e os mediadores Sergio Jacobsen, Vice-presidente da Smart Infrastructure da Siemens, e Daniel Scuzzarello, Head da Siemens Digital Industries Software.
O tema da conversa partiu de uma constatação: os mundos real e digital já convivem nos negócios, foram acelerados pelos efeitos da pandemia na sociedade e o uso de dados não é mais uma tendência – é uma necessidade urgente. Jacobsen e Scuzzarello lembraram como a digitalização foi fundamental para a transformação dos negócios e o enfrentamento da doença, com linhas de produção aceleradas para a produção de vacinas e a produção de respiradores mecânicos.
Didascalou analisou o ambiente industrial do presente e apontou alguns dos muitos benefícios trazidos para projetos reais desenvolvidos com a participação da Siemens. “Transformação digital não é apenas algo bom de se ter, é algo que se deve ter”, disse Didascalou. “Ainda hoje, muitas empresas do ramo industrial tendem a concentrar esforços em seus produtos, especializando-se nos processos para fabricá-los. A transformação foca na produção de forma vertical e em um processo guiado por dados, possibilitando novas estratégias, novas abordagens do mercado e, naturalmente, muito mais eficiência e produtividade”, complementou.
Fernandes também aproveitou a oportunidade para traçar um panorama do tema nos Estados Unidos, sinalizando o que já desponta no mercado brasileiro. “A tecnologia não espera ninguém”, comentou o executivo, apontando para a realidade de empresas de diversos ramos, que precisaram se adaptar a situações como a pandemia e conflitos regionais, especialmente na Europa, com a alteração drástica de segmentos como o fornecimento de energia, a logística e a produção industrial.
Um dos exemplos trazidos por Fernandes foi a mudança de paradigma em termos de consumo de energia em países do Oriente Médio que, embora com recursos ainda abundantes de combustíveis fósseis, hoje caminham para a introdução de fontes renováveis. Outro exemplo veio da Europa, onde vários países estão substituindo mecanismos de aquecimento a gás, em função do conflito entre Ucrânia e Rússia.
“Tudo isso só se consolida com uma estrutura tecnológica e digital”, concluiu. Outra referência veio da Califórnia, com a implementação de um sistema para mobilidade elétrica, integrando as variáveis – carros, estações de carga, semáforos, vias públicas – em um modelo desenvolvido pela Siemens que simulou ciclos de carga de forma a viabilizar esse sistema, sem afetar as operações da concessionária local de energia.
Durante esse painel, Didascalou apresentou a plataforma Siemens Xcelerator, que ao mesmo tempo facilita e democratiza o acesso a ferramentas digitais. Ele explicou como o ciclo de vida, com todas as suas etapas, passa a ser abordado não mais de forma sequencial, mas simultânea. “O Siemens Xcelerator une o aspecto operacional ao de tecnologia da informação, tornando o processo mais ágil, mais rápido e muito mais eficiente”, apontou o CTO, trazendo exemplos reais em que os clientes obtiveram maior produtividade, velocidade, agilidade e sustentabilidade em suas operações.
ESG e Inovação são inseparáveis
Ainda na parte da manhã, o painel Como os desafios ESG estimula inovações no Brasil contou com a participação de José Borges, Head de Inovação da Siemens no Brasil. A mediação foi feita por Denise Hill, diretora global de Sustentabilidade da Natura, e mais Fábio Passos, da Bayer, e Celso Procknor Filho, da Braskem. “Tudo o que fazemos, na nossa vida pessoal e nas empresas, gera impacto. Precisamos trabalhar sempre para que eles sejam positivos”, comentou Denise. “Inovação e ESG são dois temas intimamente ligados, não é possível separar esses dois conceitos”, apontou Borges.
“Não venderei o nosso futuro pelo lucro fácil. Essa frase, que foi dita pelo fundador da Siemens, Werner von Siemens, ainda no século 19, é absolutamente relevante e, de certa forma, condensa o conceito de Sustentabilidade”, acrescentou Borges, que também citou a conhecida frase de Charles Darwin, que afirmava que quem sobrevive no meio ambiente não é necessariamente o mais forte, mas o que melhor se adapta. “Isso também se aplica às empresas: precisamos nos adaptar continuamente para sobreviver”, concluiu Borges.
Na sequência, aconteceu o painel Conectividade e Segurança Cibernética, com a apresentação de Márcia Ogawa, executiva da Deloitte Brasil e professora da Universidade de São Paulo. Ela citou um estudo realizado pela consultoria para traçar um panorama da conectividade no Brasil. “Existe um alto grau de maturidade sobre Internet das Coisas (IoT) no Brasil, porque nós nos antecipamos nesse tema, inclusive quando o assunto parecia precoce, por volta de 2015”, comentou Márcia.
A especialista avaliou que esse avanço no conceito de IoT não deverá gerar conflito com o início das operações do 5G no Brasil.
Márcia também abordou a questão da segurança em redes industriais, visto como fator mais importante para a adoção de redes públicas de 5G. Depois de sua apresentação, Márcia mediou uma conversa com Carlos Nazareth, da Inatel, e Ítalo Calvano, da Claroty, empresa da área de segurança cibernética que conta com capital da Siemens.
“O 5G é uma revolução inclusive por viabilizar o mundo IoT para todos os segmentos da economia, além de aumentar a instantaneidade de uma rede de comunicação”, comentou Calvano, que também apresentou exemplos já efetivos do uso de tecnologia 5G na agricultura. Ao final, Márcia deixou uma mensagem aos participantes do evento. “Não tenham medo de inovar e investir em tecnologia nas suas empresas”, concluiu.
Painéis simultâneos
No período da tarde, o Siemens Innovation Forum 2022 apresentou painéis paralelos em três pilares: Inovação na Indústria, Inovação na Infraestrutura e Inovação em Ecossistemas. O participante podia escolher entre três conteúdos simultâneos e participar de sessões sobre diversos temas: tecnologias na manufatura, energias renováveis, ESG, inovação junto a instituições de ensino, eficiência na distribuição de energia, entre outros. No total, foram quinze painéis diferentes, todos contando com a participação de especialistas da própria Siemens e convidados.
Arena Tech: soluções na prática
A Arena Tech, uma das atrações do Siemens Innovation Forum 2022, exibiu os estandes Smart Cities, Eficiência e Descarbonização, Soluções em Serviços Digitais, Business to Society, Inovação em Sistema, Fundação Siemens, Acelerando a Transição Energética, Metaverso Industrial e Cibersegurança.
Todos eles apresentaram soluções para potencializar e acelerar a transformação digital, favorecer a descarbonização, garantir cidades mais inteligentes e melhorar a vida das pessoas. Ao mesmo tempo, o conjunto de soluções evidenciou que a aceleração desses processos só vai acontecer se todos os setores da sociedade se unirem: indústria, academia, startups, governos e sociedade civil precisam caminhar juntas para desenhar um mundo mais verde e mais igualitário.