Um estudo divulgado pela Rede de Observatórios da Indústria, em parceria com o Observatório Nacional da Indústria, apresenta um mapeamento detalhado dos polos industriais brasileiros, evidenciando sua distribuição geográfica, áreas de atuação e potenciais.
A pesquisa identificou 1.292 polos no país, classificados em quatro níveis: 114 com inserção internacional, 259 nacionais, 558 estaduais e 361 regionais. São Paulo lidera em quantidade de polos com alcance global e se destaca pela maior complexidade industrial.
De acordo com Rafael Silva e Sousa, coordenador técnico do projeto no Observatório Nacional da Indústria, o estudo tem como objetivo orientar a formulação de políticas industriais regionais. “A ferramenta enfatiza a identificação e categorização de clusters industriais que atuam como motores econômicos e catalisadores da competitividade em suas respectivas regiões, agrupando os segmentos industriais por relevância e geografia”, afirma.
Desafios Regionais e Infraestrutura
O estudo revela que as regiões Sul e Sudeste concentram a maior parte dos polos industriais, um reflexo de fatores históricos e estruturais. Marcelo Masera de Albuquerque, coordenador técnico do projeto pelo Observatório da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), atribui esse cenário à infraestrutura avançada dessas regiões, que inclui rodovias, portos e cadeias produtivas diversificadas.
Segundo Albuquerque, a concentração industrial nessas áreas aprofunda as desigualdades econômicas entre as regiões brasileiras. “Expandir esses polos para outros estados e regiões ajudaria a reduzir essas disparidades, promovendo geração de emprego e aumento de renda em localidades menos industrializadas”, ressalta.
Setores de Destaque
Entre os polos com maior inserção internacional, o setor de alimentos e bebidas lidera, seguido pelos segmentos de veículos, embarcações e aeronaves, e de máquinas e equipamentos. No âmbito nacional, destacam-se os setores têxtil, de vestuário e calçados, além dos segmentos de energia e minerais não metálicos.
Definição e Metodologia
Os polos industriais são definidos como aglomerados empresariais capazes de enfrentar a concorrência em diferentes níveis – local, nacional e internacional – e se destacam pela geração de emprego, inovação e crescimento econômico.
O estudo, coordenado pelo Observatório Nacional da Indústria e liderado pelo Observatório da FIESC, segmentou os polos em categorias de abrangência geográfica e influência. Os critérios de classificação incluíram a quantidade mínima de empresas, impacto na empregabilidade e relevância nas exportações.
Implicações e Futuro
A pesquisa fornece subsídios para o desenvolvimento de políticas industriais regionais, buscando aproveitar as capacidades locais e regionais. Ao mapear os polos existentes e suas características, o estudo evidencia a importância de uma estratégia nacional que promova a descentralização industrial e o equilíbrio econômico entre as regiões brasileiras.
A iniciativa representa um passo importante para a compreensão do cenário industrial brasileiro, mas aponta para a necessidade de ações concretas que fomentem o crescimento em regiões historicamente menos favorecidas.