As empresas do setor elétrico já estão colocando a cibersegurança entre os pilares prioritários de atuação para proteger seus sistemas em relação aos ataques cibernéticos. O tema foi destaque nesta terça-feira, 24, durante o Siemens Innovation Forum no painel “Papel da digitalização na resiliência e segurança das redes”. O encontro contou com representantes de diferentes segmentos do setor elétrico para debater os avanços tecnológicos e seus impactos no mercado de energia.
“Nós temos uma rede de transmissão de cerca de 145 mil quilômetros que tem um controle muito eficiente, talvez um dos mais eficientes do mundo. E para manter tudo isso funcionando, essas redes estão mais digitalizadas, com um número maior de softwares, para que elas sejam confiáveis”, afirmou o CEO da área Smart Infrastructure da Siemens, Sergio Jacobsen, que foi o moderador do painel. “Mas com a digitalização, há também mais riscos de ataques cibernéticos”, completou o executivo.
Por conta dessas ameaças resultantes dos avanços tecnológicos no setor, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) tem colocado a cibersegurança entre os pilares prioritários de atuação para evitar problemas em seu sistema. Tanto que a empresa criou uma área específica para cuidar do tema com profissionais qualificados no assunto e colocou em prática um plano de conscientização abrangendo todos os colaboradores da companhia.
“A digitalização tem vários benefícios, mas esse é um ponto negativo, pois abre brecha a acessos remotos que podem ter impactos grandes na operação do sistema. Por isso elevamos a cibersegurança ao nível estratégico da companhia”, comentou Julio Omori, Superintendente de Smart Grid e Projetos Especiais da Copel. Segundo ele, a empresa sofreu uma tentativa de ataque recentemente e a ação criminosa foi bloqueada com sucesso.
Inovações no setor
Apesar desse risco, a digitalização tem sido fundamental para elevar a qualidade de todo o sistema elétrico, desde a gestão, para aproveitar ao máximo os recursos energéticos distribuídos, ao melhor serviço prestado ao consumidor. Um exemplo disso é o uso de tecnologias para o restabelecimento de energia de maneira automatizada em caso de queda de energia.
Segundo Marcelo Prais, Diretor de TI, Relacionamento com Agentes e Assuntos Regulatórios do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as empresas têm se voltado cada vez mais para o uso de dados no setor por ser fundamental para as tomadas de decisão no negócio. “Esse processo já ocorre em velocidade razoável, mas daqui para frente será exponencial”, aponta.
Prais ainda apontou quatro sugestões para acelerar o processo de inovação no setor: maior flexibilidade no uso de recursos em Pesquisa & Desenvolvimento para testar novas tecnologias; maior colaboração e compartilhamento entre agentes e instituições, formando uma rede colaborativa de informações; maior abertura para a atuação de empresas de tecnologia voltadas para o setor elétrico (EnergyTechs); e dotar o sistema de maior agilidade e flexibilidade regulatória para não inibir o desenvolvimento mais acelerado do segmento.
O mesmo raciocínio foi compartilhado pelo Presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales, que citou a chegada do 5G que vai elevar ainda mais a comunicação de dados no sistema. “As regulações precisam se adaptar a essa nova realidade para que não atrapalhe o rápido desenvolvimento do setor. Consultas públicas têm sido realizadas para que a sociedade possa ponderar os limites em relação aos avanços tecnológicos”, comentou Sales.