Olá pessoal, gostaria de compartilhar com você uma viagem que realizei em Cartavio, no Peru.
Aqui na empresa trabalhamos com produtos de alta tecnologia no segmento de automação industrial e um destes equipamentos em especifico é o radar transmissor de nível de onda guiada, que aplicamos em evaporadores nas usinas de açúcar e álcool. Pensando em estender esse benefício para nossos clientes fora do Brasil, ofertamos este equipamento para um cliente no distrito de Cartavio, no Peru.
Ele ficou interessado e adquiriu o equipamento.
Passado algum tempo ele entrou em contato e me disse que realizou a instalação e a configuração, entretanto não funcionou. Achei aquilo muito estranho e pedi que me enviasse fotos e dados sobre a configuração feita. Ao verificar as informações, todos os dados estavam corretos, a instalação havia sido bem realizada assim como a configuração. Então, comecei a suspeitar que o problema pudesse estar no equipamento. Não tive alternativa, precisei arrumar minha mochilinha e levantar voo rumo ao Peru. É mole? É pessoal, na vida nem tudo é maravilha.
Cartavio e Trujillo
Chegando em Lima, capital do Peru, fui muito bem recebido pelo pessoal. Esta é uma vantagem de ser brasileiro. Levaram-me pra almoçar com toda aquela cortesia e depois tomei outro voo para Trujillo, onde pernoitei. Chegamos de madrugada no hotel e no dia seguinte pela manha tive que pegar um ônibus para ir à usina em Cartavio. Foram 40 km com aquele som alto às sete da manha, eita turma animada, e vamos que vamos com o som rasgando e o circular pulando mais que touro em rodeio. Quando cheguei, mais uma vez fui muito bem recebido.
O Problema
Na usina, fui verificar o que acontecia.
Chequei a instalação, estava OK. Então, conectei o computador e verifiquei a configuração, OK. Testei o gerador de pulso de ondas eletromagnéticas, também OK. Testei a placa de controle, OK.
Foi então que como já não tinha mais nada para verificar, resolvi desmontar o radar do vaso comunicante. Quando tirei a flange me deparei com um monte de espuma dentro do vaso comunicante. Fiquei assustado. Como no caldo de cana poderia ter tanta espuma? Ao verificar melhor, vi um tambor azul com um dosador conectado ao evaporador dosando algum produto no caldo.
Era um antiincrustante, que devido a “dureza” da agua no Peru ser muito alta, se faz necessário dosar no caldo o antiincrustante para que a tubulação não tenha desgaste pelo atrito da agua com o aço carbono.
Aprendizado
A reação do antiincrustante com o caldo gera muita espuma, que tem poder de absorver ondas eletromagnéticas e que impedem o funcionamento de equipamentos do tipo radar (lembrando que aqui no Brasil não é utilizado antiincrustante e a performance do radar é excelente e recomendada).
É gente, muitas das vezes os problemas são mais simples do que pensamos e nos surpreendem no dia-a-dia. Quem vai iniciar na área de automação industrial realizando viagens vai gostar porque o aprendizado é continuo e a cada dia você poderá se superar na realização de suas tarefas.
Boa sorte!
30 Comentários
Daviiiii….
Muito legal seu artigo. E com certeza cada viagem é um aprendizado em todos os sentidos, né….profissional, cultural etc.
Parabéns!!!
Valeu! Rafa Obrigado!!!
Boa Noite Davi!
Muito legal essa sua experiência, apesar de eu ainda não estar atuando como Instrumentista concordo com você quando diz que a cada dia pode-se deparar com uma situação nova e se superar aprendendo mais!
Parabéns, boa sorte e muito sucesso na sua carreira!
Obrigado!
Aaron de Souza.
Boa noite! Aaron, Obrigado! Sucesso pra voce também!
Davi Somaggio sou grato a seu post pois pude aprender com ele, estou com 3 meses de curso tecnico em automação industrial e estou achando um mundo muito interessante… já estou aprendendo muito com todos voces. Obrigado
Oi Carlos Bom dia! É sim uma area muito boa, continue investindo nela, Te agradeço a participação no nosso grupo, Obrigado! abs Davi.
boa noite davi esta experiencia só podemos adquirir no dia dia , li que vc trabalha na smar . Vou pedir uma informação este problema vc não poderia usa RD400 ( com sonda coaxial ) eu acho que a espuma não iria impedir a leitura . O que vc acha ..
Oi Marcelo Bom dia! Excelente pergunta!!! Deu pra perceber que voce ja tem um bom conhecimento do nosso produto, se tiver interesse em mais material estou à disposição;
Vamos à sua pergunta: Se essa espuma fosse por exemplo água e sabao poderíamos usar a sonda coaxial que faria o efeito de eliminar a espuma, ja que por ser menos densa fica na parte de cima do nível e a agua vai entrando por baixo da sonda coaxial, Mas neste caso é uma espuma química que se inicia da reação do caldo com o antiincrustante e essa reação ocorre tanto dentro do vaso comunicante quanto dentro da sonda coaxial, é muito parecido com a espuma de dornas de fermentação em usinas de açucar e alcool, entao o caldo entra dentro da sonda por baixo e neste momento voce nao tem espuma dentro da sonda, até que se inicia a reação quimica do caldo com o antiincrustante e aparece a espuma que vai absorver ondas eletromagnéticas.
Outro item a se levar em consideração é que se a sonda coaxial eliminasse a espuma química na evaporação o caldo é muito denso e iria em pouco tempo entupir a sonda o que demandaria intervenção com alta frequencia para limpesa da sonda coaxial.
Obs: Lembrando que camadas finas de espumas da ordem de 10cm nao são preocupantes para radares é possível filtrar ja que nesta situação a perda de energia é pequena.
Gostaria de agradecer sua participação e caso fique alguma dúvida na resposta coloco me à sua disposição.
Abs, Davi
boa noite . Davi gostei de sua resposta eu já estava desconfiado que a densidade da espuma ia dificultar o sinal de leitura do produto. obrigado pela resposta . Sim gostaria de receber mas material da empresa . obrigado tenha uma ótima semana .
Parabéns pela experiência Davi, realmente é muito interessante. Nem sempre os problemas que nos deparamos em manutenção em geral são técnicos, mas em muitas das vezes estão relacionados com algumas adequações dos processos. Atuo a 7 anos nesse segmento (manutenção) e cada dia vejo coisas que me surpreende.
Mas é isso aí, muito boa sua experiência.
Abraços
Leonardo
Olá Leonardo! obrigado pela sua participação, caso voce tenha algum relato interessante também, envia pra gente. Abraço Davi
Davi, bela materia e experiencia!
Uma duvida, depois de detectar o problema, qual foi a solucao arranjada para que a medicao fosse solucionada?
abracao
Joao Aparecido
Oi João bom dia!
A solução foi utilizar uma outra tecnologia, medição de nível por pressão hidrostática, onde você aplica um transmissor de pressão para leitura do nível, lembrando que a exatidão nesta situação esta condicionada a densidade, ou seja se houver mudança da densidade a exatidão pode ser comprometida.
Um abraço Davi
Será mesmo que foi solucionada definitivamente ?
Rogerio
Então meu amigo, realmente ficou provado que para projetar um instrumento, precisamos de dados de processo confiáveis, pois senão o retrabalho ínviabiliza o projeto.
Sim Cleber concordo com você, quanto mais claros forem os dados, menos riscos.
Abs, Davi
Davi, ja deixei meu comentario semana passada. Caso queira compartilhar material sobre o assunato: joapasantos@ig.com.br
abracao
joao aparecido
Joao Aparecido Boa noite! te enviei o material no seu e-mail.
Abs, Davi
Olá Davi! Obrigado por compartilhar a experiência conosco. Entretanto, como foi resolvido o problema? Houve a troca do instrumento? Alteração da frequência? Mudaram a tecnologia? Obrigado!
Oi Everton, neste caso a única solução é a mudança de tecnologia, porque mesmo que aumentássemos a frequência não venceríamos a camada de espuma, o desconforto é que a tecnologia que se pode usar é medição de nível por pressão hidrostática e sendo presente a variação de densidade a exatidão fica um pouco comprometida e não se tem a facilidade da instalação de topo como no radar.
Abs, Davi
Muito bom, aprendizado nota 10!
Valeu Leandro Obrigado!
Parabens pela iniciativa.
Trabalhei durante 08 anos no setor sucroalcooleiro, tive muitas exepriencias que me levaram ao “outro lado”, ou seja fui trabalhar no ramo de vendas e atendimento ao cliente como especialista de produtos em automação. Por três anos pude viver várias experiencias no campo profissional e que me remeteram novamente ao campo da industria, só que agora no ramo da mineração.
A experiencia que você viveu poderá e com certeza ajudará muitos profissionais.
Mais uma vez parabéns!!!
Oi Marco Aurélio Obrigado pelo apoio!
Um grande abraço!
Davi
Boa tarde!
Valeu a troca de experiência! Trabalho na área de manutenção elétrica/instrumentação e sempre me deparo com problemas quebra-cuca. É com eles que mais aprendemos e enriquecemos nosso conhecimento. Abraços!
Bom dia, li o relato desta manutenção de campo pelo Técnico, mas faltou comentar qual foi a solução para este problema, já que é necessário medir o nivel deste tanque.
Já participei de projetos de automação nesta usina e na usina de casagrande que é do mesmo grupo! Cnheço o Kiran que está na foto! boas recordações!
Muito bom!Continue repassando suas experiências.É bom para nos profissionais da área.
Muitas vezes nos deparamos com Certos ostáculos inesperados que exigem um esforço extra para concertizar o trabalho.
eita gostei de mais de sua experiencia……….