A previsão do tempo é de chuva para daqui a dois dias, o governo precisa ampliar os estoques de etanol em 10% até o final da safra, o valor do açúcar tem previsão de subida de 3% até o final da safra, o fornecedor de insumos não tem estoque suficiente para a produção no pico, duas válvulas e dois inversores de frequência críticos para disponibilidade de planta estão previstos para manutenção daqui a uma semana… imagine todos estes dados, se comunicando on-line, num único banco de dados da planta de produção de etanol e açúcar, na usina sucroenergética, temos um cenários onde temos que tomar decisões.
Então o SISTEMA apoia-se na tomada de decisões e faz um setup automático das variáveis de controle de produção, alterando parâmetros dos PLCs ou DCS, puxando a produção para contingenciar as chuvas previstas, direciona o aumento da produção de 10% de etanol sob contrato de governo, direciona caldo primário para elevação de produção de açúcar visto elevação do preço da oferta, contingencia compra de insumos de fornecedor alternativo, faz uma parada programada para manutenção baseada em eventos, contingenciada para suportar a demanda, numa eventual chuva já prevista, essas decisões foram tomadas, todas de forma automática, baseada num banco de dados Big Data… essa é a indústria do futuro, essa é a Indústria 4.0.
A história da evolução da indústria passa por períodos de Revolução, para fins de grupos de estudos temos a primeira Revolução Industrial no século 18, que foi o aperfeiçoamento da máquina a vapor por James Watt, colocando a indústria têxtil como símbolo da produção excedente, gerando a riqueza da época, criando um novo modelo econômico.
A primeira revolução industrial foi de aproximadamente 200 anos (1712-1913), quando Henry Ford criou a linha de produção em massa, onde definimos a segunda Revolução Industrial, fazendo a produção empurrada, criando o conceito da produção em escala, reduzindo o custo e popularizando o produto, para que a massa trabalhadora pudesse adquirir, criando um ciclo virtuoso na indústria e na economia.
Esse período durou próximo de 60 anos (1913-1969), onde entramos na era da automação, sendo nossa terceira Revolução Industrial, que foi a implantação de computadores no chão-de-fábrica, colocando controles eletrônicos, sensores e dispositivos capazes de gerenciar uma grande quantidade de variáveis de produção, permitindo a tomada de decisões de controle de dispositivos de forma autônoma, o impacto foi a elevação da qualidade dos produtos, o aumento da produção, a gestão dos custos e a elevação da segurança na produção.
O período da terceira Revolução Industrial durou cerca de 40 anos (1969-2010), vemos que estes intervalos vêm diminuindo, inaugurando uma nova era, ainda em transição, cujo maior protagonista é a Internet, que já está consolidada entre as pessoas como um grande canal de comunicação convergente de todas as tecnologias, agora sendo colocado dentro da indústria com seus conceitos, adaptados a máquinas e equipamentos.
Quando dizemos que a internet está na indústria, no meio produtivo, devemos pensar num ambiente onde todos os equipamentos e máquinas estão conectadas em redes e disponibilizando informações de forma única, esse conceito é chamado de Internet das Coisas.
A Indústria 4.0 ainda é mais um conceito do que uma realidade, mas está sendo motivada por três grandes mudanças no mundo industrial produtivo:
- Avanço exponencial da capacidade dos computadores;
- Imensa quantidade de informação digitalizada;
- Novas estratégias de inovação (pessoas, pesquisa e tecnologia).
Entendendo a Indústria 4.0 como uma evolução dos sistemas produtivos industriais, podemos listar alguns benéficos previstos e já estudados e baseados no impacto nas plantas:
- Redução de Custos
- Economia de Energia
- Aumento da Segurança
- Conservação Ambiental
- Redução de Erros
- Fim do Desperdício
- Transparência nos Negócios
- Aumento da Qualidade de Vida
- Personalização e Escala sem Precedentes
A tecnologia base responsável por este conceito é o IoT – Internet of Things (Internet das Coisas) e o M2M – Machine to Machine (Máquina para Máquina).
A Internet das Coisas, como comentado anteriormente é a conexão lógica de todos os dispositivos e meios relacionados ao ambiente produtivo em questão, os sensores, transmissores, computadores, células de produção, sistema de planejamento produtivo, diretrizes estratégicas da indústria, informações de governo, clima, fornecedores, tudo sendo gravado e analisado em um banco de dados.
A ideia de Máquina para Máquina é a interconexão entre células de produção, os sistemas passam a trocar informações entre si, de forma autônoma, tomando decisões de produção, custo, contingencia, segurança, através de um modelo de inteligência artificial, complementado pela IoT.
Para que este sistema funcione, entregando os benefícios acima previstos, novas tecnologias para a Automação Industrial surgiram e muitas delas oriundas do mundo da TI Tecnologia da Informação, perfazendo a convergência destes dois mundos, entre elas podemos citar as principais:
- Uso do Protocolo IPV6 (ampliação dos pontos de conexão IP de todos Devices);
- Uso do Wireless (ampla utilização de redes sem fio);
- Uso de Virtualização (criação de diversos computadores a partir de softwares);
- Uso de Cloud (as informações estarão na Nuvem – compartilhada)
- Uso do Big Data (todas as informações reunidas, de forma dinâmica para tomada de decisões);
- Uso de RFID (todo movimento de materiais é rastreado com todas as informações).
A partir das principais tecnologias acima citadas, podemos entender que teremos uma nova realidade produtiva, tudo estará conectado para que as melhores decisões de produção, custo e segurança sejam tomadas, tudo sob demanda e em tempo real.
Como dizemos estamos vivendo uma transição entre a Terceira Revolução e a Quarta Revolução Industrial, a Indústria 4.0 e, para que se estabeleça um caminho para a implantação, é importante entender este momento.
Atualmente os sistemas de automação devem estar orientados a aumento da produção, redução de custos e visão nas mudanças tecnológicas, para isso a plataforma técnica deve estar estruturada com redes industriais, sistemas de otimização e banco de dados.
Entendendo que a partir do uso das premissas anteriores, o amadurecimento operacional, levará a esta nova demanda, onde a visão da Indústria 4.0 estará orientada a eficiência energética, integração da cadeira produtiva e orientação produtiva via BI (Business Intelligence), onde a estruturação técnica levará ao controle de processos descentralizado, todos os ativos estarão on-line e as tomadas de decisões serão baseadas no Big Data.
Com isso, a Indústria 4.0, a partir de nosso momento atual, nos remete a entender sua tendência no meio produtivo e propomos a observar as seguintes tendências que já estão em movimento no meio industrial:
- Interconexão “Das Coisas” numa Única Rede (Internet) através do IPv6 na Nuvem – Cloud;
- Geração, envio, acúmulo e análise de dados no Big Data – modelagem para tomada de decisões autônomas;
- Onipresença da Informação, não importa onde você esteja, a interação é em tempo real.
Concluímos que a Indústria 4.0 é um novo conceito que seguramente será uma realidade, mudará a forma como lidamos hoje com a produção de bens de consumo e materiais, tendo uma melhor distribuição de riquezas e um planeta mais sustentável.
36 Comentários
Muito bom a matéria, vejo que com isso tenho que manter atualizado sobre automação 4.0
Excelente artigo, Márcio! Parabéns.
Muito boa a forma de passagem das informações.
Fantastico
Obrigado a todos e ficamos a disposição !
Em que cidade vc publicou esse artigo?
Marcio Venturelli essa matéria me deu luz para o projeto do meu TCC, muito bom mesmo, pesquisei sobre você que grande profissional, e admirável tamanho conhecimento ao assunto.
Olá Fabio, obrigado pelos comentários. Agradeço a todos e fico a disposição.
Muito bom trabalho
Márcio.. ótimas explicações, fiquei muito interessado neste assunto… atualmente trabalho em uma empresa de saneamento e vejo um horizonte muito promissor com aplicação dos conceitos da Indústria 4.0 neste meio, vou acompanhar mais de perto este assunto.
Gostei do seu curriculum…pois também tenho como formação Ciências da Computação e atualmente estou fazendo uma especialização em Automação.
Olá Rodrigo
Obrigado pelos comentários.
Na área de saneamento estude o tema Smart City, a conexão das informações das residências com IoT em sistemas de Água e Esgoto.
Boa sorte.
Márcio Venturelli
Se a terceira revolução “durou” 40 anos, quantos anos você estima que durará a quarta revolução?
Olá Claudia,
Sinceramente isto não dá pra calcular, mas a tendência é que seja bem menor o tempo.
A questão dos gargalos principais ao desenvolvimento, passam pelo conhecimento das pessoas e isto, leva tempo.
Olá boa noite, gostei muito do seu artigo, sou estudante de gestão financeira, ainda nova nessa área, mas confesso estar me apaixonando, sou das exatas, estou terminando meu primeiro semestre, depois de 30 anos fora de uma faculdade, sai da FEI/São Bernardo em 1997, preciso fazer um trabalho sobre Novas Abordagens, escolhi Industria 4.0, e vc me ajudou muito com essa publicação.Mas preciso de muita leitura para entender, melhor assimilar esse assunto, Obrigada
Olá Marcio! Estou iniciando meu TCC e o tema que escolhi foi o Industria 4.0, porém estou encontrando dificuldade para encontrar alguma obra publicada sobre o tema (livros). Você possui alguma dica? Obrigado!
oi, você concluiu seu tcc sobre o tema? pois estou fazendo sobre o mesmo tema, e também estou encontrando dificuldades.
Segue os links para Livros de Pesquisa:
https://www.amazon.co.uk/Fourth-Industrial-Revolution-Klaus-Schwab/dp/1944835008
https://www.amazon.com/Silent-Intelligence-Internet-Things/dp/0989973700
https://www.amazon.co.uk/Internet-Things-Press-Essential-Knowledge/dp/0262527731/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1465943655&sr=1-1&keywords=internet+of+things
Ola! Achei ótimo o artigo. Sou estudante de análise e desenvolvimento de sistemas na Fatec de Franca. Estou desenvolvendo meu TCC e achei nesse tema da indústria 4.0 algo interessante para um trabalho acadêmico, já que lida e utiliza alem dos processos, conhecimento e processos da automação e engenharia, esta nova era da industria usa muita tecnologia e conceitos da área que estou me formando que é a informática, tecnologia da informação. Quero trabalhar sobre esse tema apresentando seu conceito é claro e ir no aspecto da segurança, dentro de Ti especificamente na segurança da informação tratando os aspecto das tecnologias envolvidas e também o que assusta talvez algumas empresas no brasil de implementar totalmente este novo conceito. Peço a todos tanto que leu e aqui postaram suas opiniões e ao autor deste artigo, uma referencia bibliográfica porque apesar deste artigo e outros que pesquisei na internet serem ótimos e interessante preciso de um embasamento mais sólido para meu trabalho acadêmico.
Olá Francisco, muito bom sua visão quanto a Segurança. Hoje um dos maiores desafios quanto a implantação dos conceitos da Indústria 4.0 é a Cibersegurança, pois envolve informações de planta e operação na indústria. Estou seguro que caminhando por este caminho terá sucesso. Boa sorte. Obrigado.
bom dia, qual a data de publicação do artigo?
MUITO LEGAU ESE POSTI SOBRE A INDUSTRIÁ 4.0 ME AJUDAR MUITO
Parabéns, e espero que nossos governantes valorize mais a educação, e as nossas empresas e indústrias para estar melhor preparados para essa nova revolução que estar surgindo, imagino eu
que o Sr. que tem uma experiência internacional, sabe o quanto nós aqui estamos muito pouco
preparados , tanto na política, educação,e em geral em toda estrutura,muito obrigado e mas uma
meus PARABÉNS!!!!!
Olá Jean, obrigado pelos seus comentários. Realmente a Indústria 4.0 para acontecer, depende de uma série de “atores”, e claro, a política (ver longo prazo) é fundamental e também a educação de pessoas para a Sociedade 4.0.
Parabéns pelo seu artigo muito esclarecedor. Já estamos na Indústria 4.0 e pena que muitos indivíduos ainda não atentaram para isso. Inclusive o pessoal que trabalha com indústrias. Adorei ler seus pontos de vista e a abordagem da teoria X prática.
Adriana, muito obrigado pelos comentários. Este conceito está em evolução, é só acompanhar.
Muito bom parabéns! Só discordo do conceito quando você fala de distribuição de riquezas… é só conceito mesmo.
Abraço
Boa noite Márcio!
Para onde a industria 4.0/revolução industrial vai nós levar ?
Assumi a gestão comercial de una fabricante de máquinas de ensaio/produção/automação na sua visão qual é o mercado à ser focado em 2018 em diante?
Olá Jorge, obrigado pelo seu comentário. Tudo que comentamos sobre futuro é muito arriscado, talvez o que eu possa escrever para você é sobre tendências. Já está havendo e ficará mais forte em 2018 a conexão de informações de máquinas e processos no Cloud, na verdade estamos aprendendo sobre tudo isso e como vamos obter valor a partir de dados no Big Data (na Indústria), mas em máquinas, a manutenção e gestão a distância e gestão de ativos (ciclo de vida) é uma tendência muito forte usando conceitos de IoT (veja nosso artigo sobre). Boa sorte, obrigado.
Excelente mateira sobre a industria 4.0
Parabéns!
Muito didático o seu post.
Atualíssimo!
Muito esclarecedor.
Gestor industrial que considerar sua “aula” terá mais chance de Sucesso na sua missão, que inclui “proteger” seu parque “computacional” do chão de fábrica.
Todas as decisões inocentes poderão sucumbir, se o Gestor ignorar as ameaças deste novo ambiente industrial.
Gostaria de fazer contato com você, sobre este assunto.
Olá Glicério, muito obrigado pelos seus comentários. Fico a disposição. venturelli.tia@gmail.com
Boa noite, ótimo artigo, porém minha uma dúvida que sempre tenho quando se trata da automação industrial seria quanto aos trabalhadores/consumidores, em um dos beneficios citados acima, afirma que com a implantação e evolução da industria 4.0 daria uma melhor qualidade de vida, mas pra quem? concordo que teria uma maior conservação ambiental e redução de erros o que é algo muito positivo, porém também cita que teria um aumento da segurança, e eu como futuro profissional da área de Segurança do trabalho penso que esse aumento de segurança seria dado pelo fato de que “robôs” foram “contratados” no lugar de pessoas. Eu entendo que sempre se deve procurar uma melhor qualificação profissional para melhor se colocar no mercado, e com a mudanças ao longo dos anos tiveram que se adaptar a elas, todavia o brasileiro é um povo sofredor, talvez culpa da corrupção, altos impostos, valorização profissional entre muito outros, mas o fato é que me preocupo como o trabalhador brasileiro vai se virar quando isso acontecer.
Bom, desculpem pelo desabafo, mas gostaria muito que alguém me tirasse essa duvida
Prezado Lucas, muito obrigado pelo seu comentário. Suas perguntas levam a cabo a questão de colocar a tecnologia realmente em benefício do Homem, é muito pertinente. O fato é que, há sim um revolução acontecendo e já está se tornando uma realidade, uns países mais ou menos, rápido ou lento… como de sempre. Sempre nos indignamos com os governos, que são atores desta revolução também. Se a tecnologia não puder distribuir o benefícios que lhe é esperado, houve uma falha macro, talvez comum em nosso país, mas precisamos aceitar esta nova realidade, esperamos sim, que governos desenhem um novo panorama de vida para todos, principalmente para nós brasileiros que esperamos dar um salto da Sociedade 2.0 que viemos para a Sociedade 4.0, não temos tempo para passar pela 3.0, e esperamos, talvez, que a próxima eleição nos dê um pouco mais de esperança e crença em um novo mundo que se descortina. Continue e acredite ! Abraços
Márcio, tudo bem.
Como eu conseguiria encaixar uma área de manutenção preventiva ou até mesmo corretiva nos moldes da indústria 4.0?
Tenhoum Grande interesse em aprofundar nesse assunto para inovar minha empresa nessa nova evolução industrial, meu e-mail é o cleberson@sinairepresentacoes.com.br. se for possível me manda um oi no e-mail.
Eu realmente gostei do artigo e a verdade é que ele é muito completo de 10, sim senhor.
O que é evidente é que a indústria está a evoluir a passos largos, e isso é algo que nos compete a todos nós pôr mãos à obra.
Muito bacana,
O desafio é integrar as maquinas atuais com as novas tecnologias isso sem contar a falta de técnicos especializados principalmente no interior.
Porém nosso desafio nível Brasil é o politico, com isso as industrias seguram os investimentos deixando um pouco lento a implantação 4.0, esse é o momento de nos especializarmos e especializar nossa equipe, aguardando o aquecimento do mercado e sair disparado rumo a evolução !!