Quando pensamos em automação industrial muitas vezes nos deparamos com muitas alternativas de mercado, muitos fornecedores, muitas demandas internas da própria planta e até mesmo, conflitos de investimentos, um caminho a ser adotado é a elaboração de um Plano Diretor de Automação (PDA), que embasará a tomada de decisões de investimento, respondendo a maior pergunta de todas, onde quero chegar com minha automação.
Os maiores desafios quanto a elaboração de um Plano Diretor de Automação (PDA), são responder as perguntas abaixo:
- Quais são os DIRECIONADORES de Automação Industrial de minha Planta?
- Quais são os PADRÕES de Automação Industrial de minha Planta?
- Quais são os RESULTADOS esperados da Automação Industrial de minha Planta?
Direção, Padrão e Resultado muitas vezes não são levados em consideração na decisão de automação de uma planta, começamos por ai, respondendo a estas questões.
Normalmente temos um dos cenários descritos:
1) Tenho uma planta em funcionamento, preciso atualizar o sistema de automação, perguntamos:
- Onde estou?
- Para onde vou?
2) Vou fazer uma fábrica nova, qual sistema de automação utilizar, perguntamos:
- Onde quero chegar?
- Até onde posso ir?
Estas respostas podem parecer fácil num primeiro momento, mas no decorrer de um trabalho focado no planejamento deste plano, você verá que há muitas variáveis a serem consideradas, pois não se trata simplesmente de escolher uma tecnologia ou fabricante, mas sim de implantar um sistema onde este possa entregar resultados ao longo de toda a sua vida útil.
Cuidado em escolher por um fabricante logo no início de um projeto, a espinha dorsal da solução deve ser a filosofia da automação, considerando o que se espera de resultados do sistema, para ai sim, partir para as escolhas de mercado que atendam às especificações.
O controle operacional de uma planta é baseado em 03 elementos: Tecnologia, Processos e Pessoas.
Ao longo do tempo, estes elementos evoluíram, passaram por diversas transformações, e isto deve ser levado em consideração na elaboração de um plano.
Por exemplo, na área tecnológica pensávamos em processos automatizados e controlados de forma simplesmente local, hoje pensamos em informática industrial e gestão industrial no contexto de tecnologia, quanto aos processos antes eram manuais, não havia informação e não eram padronizados, hoje são informatizados, há procedimentos e podemos simular cenários de produção, quanto as pessoas antes os profissionais de planta não tinham formação, o conhecimento era praticado pela figura do ofício e o profissional não via o negócios como um todo, atualmente as pessoas são qualificadas, conhecem o processo produtivo e principalmente, veem o negócios como um todo.
Qual a importância de um Plano Diretor de Automação?
Levantamos todas estas questões para colocar um termo de importância quanto a Automação Industrial de uma planta produtiva, com a evolução tecnológica, hoje devemos pensar na automação como estratégica para o negócio, ela é o meio, pois encurta os caminhos dos objetivos produtivos.
Com isso propomos um questionamento amplo sobre esta questão, fazendo perguntas para saber até que ponto a automação é estratégica em seu negócio produtivo:
- A automação é responsável direta pela produção?
- A automação é responsável direta pela segurança?
- A automação é responsável pela geração de indicadores para tomada de decisões (operação/manutenção)?
- Qual o status da Automação no organograma?
Uma vez entendendo a importância da automação na produção, podemos justificar a importância da elaboração de um PDA consistente e que realmente dê diretrizes de investimento com foco em retorno, sendo assim, descrevemos abaixo o que é um PDA:
- Documento que indica onde você quer “chegar” em quanto tempo;
- Conjunto de projetos, especificações, desenhos e descritivos de Engenharia Básica;
- O documento permite gerar Especificação Técnica (ET) para contratação de Engenharia Detalhada e Integração.
Os investimentos em automação seguem os conceitos de CAPEX e OPEX, pois estão no modelo industrial, as principais diretrizes nos dois modelos são:
CAPEX (Capital Expenditure)
- Tecnologia a Prova de Futuro
- Viabilidades Técnicas / Econômicas
- Segurança de Operação
OPEX (Operational Expenditure)
- Aumento da Produção
- Diminuição de Custos
- Elevação da Segurança
Quais os benefícios de um Plano Diretor de Automação?
Os principais benefícios em colocar o PDA como um documento norteador, são seguidos abaixo:
- Sistematizar ações de projeto e implantação de uma Tecnologia da Automação (TA) Estratégica, atingindo objetivos organizacionais
- Implantar sistemas de Automação Industrial com Tecnologia a Prova de Futuro
- Entregar para Operação e Manutenção (O&M) sistemas que gerem informações para Tomada de Decisões
Na elaboração de um PDA, devemos levar em consideração as principais dimensões da automação industrial hoje:
- Segurança – é a base do sistema de controle operacional, é o início
- Operação e Manutenção – as ferramentas devem estar focadas para atender aos dois
- Gestão – a automação deve entregar informações para tomada de decisões
- Conexão – todo o contexto deve estar conectado e trocando informações por redes
Como elaborar um Plano Diretor de Automação?
Para elaboração de um PDA, sob o aspecto tecnológico, devemos pensar no que há de melhor e mais atual em termos de tecnologia, isso garante o investimento ao longo do tempo e protege o investimento.
Ainda sugerimos um exercício de “puxar” a tecnologia o máximo que se puder, tendo como o direcionador a Industria 4.0, que é a próxima fronteira tecnológica da automação, que está promovendo a 4ª Revolução Industrial, logo nossos sistemas devem estar direcionados para isso.
Seguir um roteiro simples, mais consistente de saber onde você está e onde você quer chegar, isso dá uma base importante para não se perder em necessidades, pois não adianta colocar um sistema sofisticado se não necessita, e tão importante quanto isso, é a limitação do recurso financeiro para o investimento, o equilíbrio de tudo isso faz um ótimo projeto de automação.
Como vimos anteriormente, o Plano Diretor de Automação (PDA) é um conjunto de documentos, listamos abaixo os principais, lembrando que não é uma receita, pode ter variações, mas na essência entregam estes itens:
- Descritivo da Filosofia da Automação
- Estudo de Maturidade (planta existente)
- Projeto de Migração dos Sistemas Legados (existente)
- Estruturação de TAG da Planta e Sistemas
- Arquitetura Geral do Sistema e Subsistemas
- Fluxograma e Descritivos de Malhas P&ID
- Descritivo de I/O e Comandos e Intertravamentos
- Descritivo e Especificação de Área Ex, SIS e Aterramento
- Arquitetura e Descritivo Infraestrutura e CFTV
- Descritivo do Processo com Interfaces de Operação
- Encaminhamento de Redes e Painéis em Campo
- Descritivo e Folhas de Dados de Instrumentos e Típicos
- Especificação de Hardware e Software
- Projeto e Especificação de Convergência para Gestão
- Caderno de Encargos para Contratação e “Vendor List”
- Requisitos de Instalação do Sistema
- Plano de Gestão de Projetos do Empreendimento
- Treinamento de O&M Operação e Manutenção
Para elaboração de um PDA, devemos seguir alguns passos, vemos abaixo quais são eles:
- Levantamento de Dados Gerais
- Conhecimento do Processo e Tecnologias
- Comparativos de Tecnologias Existentes
- Fazer o Estudo de Viabilidades Financeiras
- Elaborar os Documentos – PDA
- Implantar as Etapas do PDA (implantação na planta)
O PDA não é um documento recente, ele sofreu evoluções ao longo do tempo, apesar de ainda estar distante de muitas empresas, todavia podemos descrever as principais tendências deste importante documento:
- A Elaboração de PDA estar alinhada estrategicamente ao Negócio da Empresa
- Os PDA e PDI serem elaborados com as mesmas diretrizes estratégicas de convergência técnica
- Os Investimento em Automação terem apelo de aprovação através de Viabilidade Financeira
Podemos concluir que o esforço que a empresa emprega na elaboração de um Plano Diretor de Automação (PDA) leva a equipe a focar o entendimento quanto ao VALOR que a Automação Industrial entregará ao negócio, baseado em Tecnologia, Processos e Pessoas.
3 Comentários
Excelente artigo, porém entendo que atualmente o maior desafio de um plano diretor é justificar investimentos para substiuição de sistemas obsoletos (Hardware e software), na maioria dos casos as perdas referentes a falhas de sistemas obsoletos são menores que os investimentos para atualizações Tecnológicas inviabilizando o projeto. Se alguém tiver algum “case” de atualização de sistema obsoletos e puder compartilhar, ficarei grato. Em resumo a dificuldade é de como lidar com a Obsolescência dos Sistemas visto que na maioria dos casos ela não afeta a produção a curto prazo.
Olá Carlos, muito obrigado pelos seus comentários. Você tem razão, talvez o tema substituição de sistemas obsoletos seja um dos maiores desafios. Sugiro que veja um tema sobre Sistemas Legados (https://www.automacaoindustrial.info/migracao-de-sistemas-legados-atualizacao-de-sistemas-de-controle-e-automacao-industrial/), numa próxima oportunidade vou falar sobre Viabilidades em Automação, esse conjunto de informações te ajudará a tomar decisões sobre justificativas de investimentos em automação.
Abraço
Oi Márcio, quais tecnologias podem ser usadas no apoio a confecção de um PDA?