Olá pessoal do Automação Industrial, esse é o meu primeiro artigo aqui no blog e gostaria de iniciar com um tema introduzindo a linha que seguirei nos meus artigos. Vou escrever artigos sobre tecnologias envolvidas em gestão da produção. Essa área ainda é um pouco nebulosa porque envolve pelo lado da gestão os engenheiros de produção. E de outro lado as tecnologias para o chão de fábrica que estão muito relacionadas a engenharia eletrônica, mecatrônica, automação industrial, engenharia da computação, enfim quase todas as opções de engenharia se encontram quando a questão é gerenciar a produção de qualquer indústria.
A primeira coisa é responder a pergunta: Qual é (ou deveria ser) a coisa mais importante de uma indústria? Acredito que quase todo mundo diria que é fabricar o produto ou produtos com menor custo e máxima qualidade e no menor tempo possível de modo a gerar lucro e ser sustentável, qualquer coisa além disso seria suporte para se atingir esse objetivo, concorda comigo?
Algumas, poucas, perguntas que se faz todos os dias a respeito de gestão da produção:
- Como se sabe o que se deve fazer e quando?
- Quando um operador esta precisando de treinamento ou se um outro merece um bônus por ser mais eficiente?
- Quais são as perdas durante a produção?
- Os produtos fabricados tem qualidade?
- Qual o percentual de defeito?
Vou tentar resumir aqui os procedimentos para se tomar a decisão de o que produzir, qual a quantidade e em quanto tempo:
- Existe uma necessidade de mercado, é claro.
- O profissional de Planejamento (conhecido como PCP ou Planejamento e Controle da Produção) planeja utilizando um módulo do ERP ou uma ferramenta de planejamento. A intenção é gerar as OPs ou Ordens de Produção que vão para do chão de fábrica e determinam o que deve ser feito, a quantidade, o prazo, etc.
- Com as OPs os responsáveis pela produção iniciam o processo de produção e fabricam (pelo menos tentam fabricar) o que foi pedido na quantidade e tempo planejados e com qualidade. Sabe quando isso acontece? Raríssimas vezes, e não estamos falando somente de indústrias no Brasil mas da produção em várias partes do mundo, incluindo USA, Europa e Japão.
E na maioria das indústrias o controle da produção é feito anotando os dados em papel e depois tudo isso é digitado em um planilha Excel, por exemplo, e de novo não estou falando somente da indústria brasileira, estou falando da indústria no mundo. Estranho né? A indústrias investem muito em ERPs para a gestão do que da suporte a produção e na hora de gerenciar o que da sentido a indústria, o que os americanos chamam de core business, utiliza-se anotações em papel e planilhas. É estranho mas é a realidade.
Porque é assim? A resposta melhor que encontrei foi que existem dois mundos em qualquer indústria, a produção e gestão empresarial. No início os ERP prometiam o gerenciamento completo da fábrica, incluindo a produção, mas com o passar do tempo a gestão da produção foi sendo abandonada em detrimento da parte financeira, recursos humanos, gestão de contas, compras, estoque, enfim tudo menos produção, porque é mais fácil construir um software que atenda a necessidade dessas áreas do que as necessidades da produção.
Em função disso surgiu nos Estados Unidos um conceito diferente de sistema (software e hardware) que fosse responsável pela gestão da produção, ou seja, da Ordem de Produção até o produto acabado e entregue ao estoque. Isso foi chamado de MES – Manufacturing Execution System – (mais uma sigla para a lista) ou seja Sistema para a Execução da Manufatura.
Mas porque Execução? Bem, alguém planejou o que fazer certo? O MES é responsável por gerir como esse planejamento será executado e apresentar os problemas que aconteceram e que podem ter influenciado no prazo, quantidade ou qualidade e consequentemente custo do que foi planejado.
O objetivo principal é coletar todo o tipo de informação em tempo real – tempo real é muito importante – e disponibilizar essa informação para os gestores tanto para tomada de decisão no momento do problema quanto gerando relatórios de histórico e assim aumentar a produtividade, ou seja, produzir melhor e mais com o mesmo recurso, esse é o desafio.
No próximo artigo vou detalhar um pouco mais sobre como é possível medir a eficiência da produção, quais são os indicadores e em que posição estão as indústrias no Brasil, até lá.
7 Comentários
Fui professor na UNIFEI (Universidade Federal de Itabujá), porém surgiu um outro trabalho e por ser prestador tive que ir embora, mas que grande universidade. Saiba de meus trabalhos no meu site http://www.treisc.eng.br se houver algo que possam desenvolver estou à disposição.
Caro Caique Cardoso, bom dia.
Tive a oportunidade de participar de alguns workshops relacionados ao sistema MES e com isso tive um primeiro contato com as ferramentas e recursos. Por eu trabalhar em uma empresa de pequeno/ médio porte, onde o foco são fabricação de painéis elétricos e de automação, acabamos ficando um pouco fora deste tipo de aplicação, porém quero aqui parabenizá-lo pela iniciativa de compartilhar conosco sua experiência na área.
Com certeza estarei acompanhando e aproveitando ao máximo essa troca de experiências.
Abraços!
Prezado Caique!
Trabalho no ramo da mineração e a 9 meses precisamente comecei a fazer parte de uma equipe multidiciplinar que está desenvolvento o sistema MES na empresa em que trabalho.
É meu primeiro contato com o sistema.
Abaixo segue alguns recursos que o sistema disponibiliza:
Apropriar tempo de parada da planta, permitir o gerenciamento adequado e eficiente do processo, considerando produção, qualidade, KPIs, paretos de falhas de equipamentos, controle de produção diário, mensal e por turno. Permitir completa rastreabilidade dos custos e da produtividade, disponibilizar relatórios de Disponibilidade, Utilização, Recuperação Metalúrgica, Rendimento Operacional, OEE, MTTR, MTBF por equipamentos e Linhas, Relatórios de eficiência de manutenção e controlar todo o ciclo produtivo do empreendimento.
Porém com um delay de alguns minutos do processo online, devido o MES depender de informações de outros sistemas neste processo. Ex. SCADA, PIMS e LIMS.
Parabéns sobre o tema proposto.
Prezado Caique!
Excelente tema. Estarei acompanhando os próximos posts!
Forte abraço,
Emerson Guerreiro
Mestre Caique, bom dia!
Parabéns pelo post!
Adorei o seu artigo, pois é um assunto que vivenciou todos os dias.
Trabalho há alguns anos com um supervisório que coleta dados de produção e todo dia é uma novidade que aparece.
Estarei no aguardo por novos posts.
Abraços.
Parabéns pelo artigo Caique. Sou graduada em Engenharia de Produção Mecânica, porém, não estou trabalhando no momento e o seu post me proporcionou, de certa forma, um novo contato com a área, atualizando meus conhecimentos. Achei muito interessante e quero acompanhar os próximos artigos.
Obrigada.
Vanessa
muito bom