Mais uma vez estamos envoltos em crise, como tantas, no mundo, no Brasil, em nossa região (o setor sucroenergético então um caso à parte), o tempo passa e o discurso é o mesmo, vai passar, não será a primeira e não será a última, estas coisas. É interessante observar que a crise é fato, na prática ela provoca o desaquecimento econômico no dia a dia das pessoas, das empresas, um pessimismo generalizado do empresariado, sem entrar no mérito do que é ou não realidade, se está inflado ou subestimado, mas a atmosfera é verdadeira.
Quando o assunto é produtividade industrial nem se fala, cada mês que passa a produtividade diminui, na verdade a produção, sinais de estagnação, saturação pela falta de liquidez de quem compra, endividamento mesmo, não tem milagre, ou a economia prospera, distribui renda ou para, aconteceu e ficamos lamentando isso todo dia, não vamos discorrer sobre a postura política, senão não vamos concluir o texto.
Voltando a produtividade, cada vez temos mais emprego, é o que o IBGE diz, tem muitos indicadores por aqui dizendo que vivemos quase um pleno emprego, seria uma felicidade se nossa produção tivesse excedente, com custos baixos e ainda arriscar uma boa dose de exportação de produtos de alto valor agregado, porque não?
Mas não, não conseguimos, no mundo industrial não tem como, temos que ter escala, baixo custo, alta qualidade, alta produtividade e inovação, gerando demanda para grandes mercados e com ciclos regulares, ou pelo menos com baixa variabilidade.
Falamos tudo isso porque estamos vivendo no mundo a chamada 4ª Revolução Industrial, provoca na prática pela Automação Industrial, também conhecida como a Industria 4.0, a barreira desta 4ª revolução é a convergência da Internet como nós conhecemos na indústria, isso mesmo, conectar todas a máquinas, equipamentos, sistemas, cadeia de fornecimento, através de uma tecnologia chamada Internet das Coisas (IoT) num grande banco de dados chamado Big Data, com objetivo final, tomar decisões em tempo real, conectar o consumidor, a indústria e setor de pesquisa, diminuído custos, acelerando processos e diminuindo a variabilidade do negócio.
Esta tecnologia, que é um conceito revolucionário, não está “vendo” esta crise, considerando que nosso mundo é horizontal, seremos mais cedo ou tarde impactados por isso, em Amberg na Alemanha já temos a fábrica da Siemens que é o ícone desta revolução, e nós ainda no Brasil estamos discutindo como fazer reforma fiscal para sermos mais competitivos, estas máquinas já estão conectadas em rede, trocando informações em tempo real, com pessoas, com centros de pesquisa, com o mercado.
Há crise sim, dói em nosso bolso, frustra nossas expectativas, mas se não melhorarmos urgentemente nosso sistema de ensino e tivermos um projeto de educação de pessoas, seremos eternamente o país do futuro, que na verdade esse futuro não existe mais, ele já é o presente e já tá ficando no passado.
Essa tecnologia é indiferente aos governos, aos planos econômicos, ela é moldada na inovação, nos cérebros de profissionais altamente capacitados e projetos de nações realmente comprometidas em elevar a produtividade, esta verdadeira, que coloca seus países em condições de gerar riqueza real e olhando o futuro.
Não sabemos como será o futuro, esse é um exercício muito arriscado de prever, mas é fato que silenciosa e indiferentemente a crise, a tecnologia da Automação Industrial mudará o formato da produção industrial global, já está acontecendo, quem se arrisca dizer que já, também, estamos atrasados?
Para quem quiser conhecer mais, recomendo também a leitura deste artigo.
1 comentário
O Brasil vive em crise, desde 1983 quando entrei no mercado de
automação, só tivemos decepções, é um pais aonde não existem interesses
em automação feitas por brasileiros, compram tudo importado, tanto é que
em 2005 eu parei de trabalhar neste campo, por que na grande São Paulo,
numa universidade em que eu era professor a diretoria resolveram acabar
com uma pós de automação, e migraram para gestão de projetos, ai foi a
gota d´agua, parei com isto. Estas questões sobre automação é assim, só
investem em grandes empresas, não dá não, por que as grandes empresas
são meia dúzias no Brasil, já as que movem o país são milhões de micros e
pequenas empresas, estas são tributadas tanto que ninguém consegue
sobreviver não, um país aonde desde 1983 só decepções vais se esperar o
que. Em 2001 trabalhei com robótica, outra vertente que nunca investiram
um centavos, por que as multinacionais americanas, japonesas e outras
dominam o mercado brasileiro, assim os nossos governantes só tem olhos
para as grandes empresas, não dá não, infelizmente é um caminho sem
volta, como pesquisador para o governo, em 1994 nas minhas pesquisas o
Brasil tava atrasado em relação a Europa em 60 anos, passado anos em
2004 em outra pesquisa para o MCT vi que já estavámos em um século, e em
2010 num projeto no INPE para satélites nas minhas novas pesquisas,
passou para nem sei mais o que, vi que no ranking mundial perdemos para a
Somália, que está mais avançada que nós, isto é Brasil aonde quem pode
não tem olhos para informar o povo, querem que continuem ignorantes.