Todas as vezes que estamos em uma reunião de profissionais de automação industrial, com perfil estritamente técnico, normalmente discute-se as melhores soluções, até mesmo acaloradas, como uma visão tecnológica, demonstrando quais os benefícios dos produtos atualmente existentes, experiência e quem está usando.
Quando esta mesma reunião é “recheada” com outros executivos, por exemplo, de compras, diretores de investimentos, gerentes de produção e por ai vai, a discussão muitas vezes toma outro rumo e muitas vezes frustra a área técnica, porque normalmente as perguntas são, o que eu ganho com isso, quanto vou ter de retorno, em quanto tempo isso se paga…
Se você se identificou neste cenário, lembre-se que isso é cada vez mais comum e é uma tendência nas decisões de implantação de sistemas de automação industrial.
Nosso texto é um resumo prático, simples, porém direto, com um formato básico para aplicar um modelo inicial de viabilizar automação industrial na planta, baseado em dados financeiros.
Perguntamos então:
- Como você SELECIONA projetos de automação no portfólio de sua empresa?
- Quais são os CRITÉRIOS FINANCEIROS de tomada de decisões de investimentos em automação que você utiliza?
- Quais são os RESULTADOS esperados dos investimentos de Automação Industrial de sua Planta?
As respostas a estas perguntas normalmente são difíceis de se estabelecer, uma vez que não há uma “receita de bolo” para estes questionamentos, o que ocorre é que o profissional de automação deve cada vez mais entender outros mundos e o mundo contábil, também passa a ser uma realidade de suas atribuições profissionais.
Normalmente os profissionais de automação se veem envoltos nos seguintes questionamentos na indústria:
- Tenho uma lista de projetos (solicitações de melhoria) do sistema de automação da planta, qual devo selecionar
- Tenho que definir qual a melhor tecnologia, baseado em critério financeiro de um projeto novo de automação industrial
- Como medir os resultados na implantação de sistemas de automação e promover melhoria contínua
Estas decisões levam em considerações diversos critérios porém indaga uma questão muito básica: quanto e quando vou ter lucro com a aplicação de meu sistema de automação.
Essa resposta é complicada, pois há muitas variáveis para serem analisadas e apresentar um prognóstico para uma tomada de decisões, vamos limitar o tema com algumas técnicas, que são mais usadas, lembrando que não esgota o assunto e a ideia principal é apresentar um conceito.
Quando era necessário fazer automação em uma planta ou equipamento, no passado, isso era muito limitado, quando existia era quase um mal necessário, por diversos motivos, o limite tecnológico e humano, não raro, a automação criava mais problemas que soluções, por isso havia uma resistência, todavia neste mesmo período, também eram comuns investimentos baseado na capacidade de capital ou do próprio interesse do proprietário ou investidor, não havia um critério definido.
A realidade hoje vivida normalmente é uma discussão tecnológica que ganha status para ganho de projetos, é comum vermos empresas definindo uma plataforma tecnológica “porque é o que há de mais moderno”, depois elaboram-se as especificações e escopo do projeto do sistema e, uma vez definido esta filosofia, tudo tem que ser encaixado numa verba, estas soluções normalmente têm visão de curto prazo, pois está limitada no capital e não está atrelada a um resultado esperado.
A evolução da própria automação que ganha notoriedade estratégica na planta produtiva, leva a um novo modelo, fazendo com que a diretriz de viabilidade financeira, alinhamento estratégico e visão de longo prazo, determinem as aplicações de investimentos de automação industrial, essa é uma nova realidade crescente nas plantas produtivas industriais.
Para a própria evolução da automação, com outras diretrizes de entrega de valor, a Tecnologia da Automação (TA) dentro da empresa precisa estar numa posição estratégica, para isso há um questionamento simples, porém poderoso.
A Automação Industrial na sua empresa…
- É responsável direta pela produção?
- É responsável direta pela segurança?
- É responsável pela geração de indicadores para tomada de decisões (operação/manutenção)?
- Qual o status da automação no organograma?
Lembrando que a Automação é o meio de se chegar aos objetivos estratégicos, logo ela sendo estratégica gera valor, com isso os direcionadores, técnicos e econômicos permeiam as tomadas de decisões de investimentos.
Como o foco então é a Viabilidade Financeira em automação industrial, descrevemos que essa atividade é um conjunto de técnicas que permitem a partir da quantificação do Capital, demonstrar se o investimento é viável, isto é, se tem retorno financeiro e em quanto tempo, permitindo tomada de decisões de acordo com a estratégica do negócio.
Quando se faz um investimento em automação industrial, há uma série de objetivos que buscam ser atingido, a solução de um sistema é uma composição destes, com mais ou menos peso, ou específico, por exemplo, num projeto de melhoria.
Abaixo uma lista de itens, que pode ser ampliado, que normalmente colocam os projetos em grupos de soluções, que também contribuem para uma tomada de decisões dirigida.
- Aumento da Produção (Quantidade)
- Diminuição da Variabilidade da Produção (Qualidade)
- Diminuir os Custos de Produção (Processo e Insumos)
- Reduzir as Paradas Não Programadas (Manutenção)
- Diminuição do Custo de Operação (Custo)
- Reduzir os Riscos de Acidentes (Segurança)
- Aumentar a Vida Útil de Ativos (Ciclo de Vida)
- Diminuir o Tempo de Setup e Startup (Eficiência)
- Diminuir o Tempo de Tomada de Decisões (Tempo)
Quais os benefícios de aplicar um estudo de viabilidade financeira para tomada de decisões:
- Analisa o investimento de Automação Industrial sob o ponto de vista Econômico e Financeiro;
- Sistematiza a tomada de decisões de investimentos a partir de um portfólio, justificado por seleção e priorização;
- Permite a medição de resultados do investimento, baseado em ganhos específicos da implantação de cada projeto.
O princípio do investimento é colocar capital no projeto e numa linha de tempo, ir gerando receitas, e estes valores numa somatória geral, ser maior que o investimento inicial, justificando seu aporte.
Há diversas técnicas para análise e viabilidade financeira, o texto aqui exposto não tem a intenção de desenvolver a explicação detalhada contábil dos termos, com todas as nuances, sugerimos um aprofundamento do conhecimento para uma melhor aplicação dos termos aqui expostos.
Vamos delimitar o tema com as seguintes técnica abaixo, veja na apresentação e no vídeo os detalhes destas técnicas e pesquise os termos na disciplina contábil para obter o domínio da técnica. Os exemplos de cada técnica estão na apresentação.
VPL: Valor Presente Líquido – indica o valor que o projeto irá gerar num determinado tempo definido, pode-se usar o desconto de juros.
TIR: Taxa Interna de Retorno – É o valor percentual que indica quando a VPL = 0, se for maior que a TMA Taxa Mínima de Atratividade (definida pelo investidor), o projeto é viável.
PAYBACK (PB): Prazo de Retorno de Pagamento – indica o tempo que levará para o seu investimento dar lucro.
ROI: Retorno Financeiro sobre o Investimento – mostra a relação do retorno líquido e o custo do investimento. Não leva em consideração o dinheiro no tempo.
- Projetos com alta taxa de retorno não deve usar TIR
- Numa análise deve ser considerado o risco do projeto (VPL com Juros)
- Investidores consideram a liquidez do projeto
- Uma boa combinação de boa prática é o uso do VPL + PB
Para identificar projetos viáveis e que passem para a implantação, podemos separar em três fases ou etapas:
FASE 1 – Identificando projetos – nesta fase faz-se todo o levantamento inicial da demanda, normalmente é feito uma engenharia conceitual e descrevendo os impactos e estratégicas da solução;
FASE 2 – Custos dos projetos – esta é a fase a viabilidade financeira, levanta-se os custos e prevê-se ganhos, cenários e tempo de uso e implantação, após isso é escrito um descritivo técnico;
FASE 3 – Selecionando os projetos – nesta fase consegue-se montar um filtro com todos os dados, financeiros e estratégicos, permitindo a tomada de decisões que qual o projeto que “ganhou”, podendo fazer a solicitação de uma aprovação orçamentária.
A tomada de decisões (FASE 3) é um filtro das colunas – depois com a maior VPL (isso é critério da empresa). O mesmo se aplica a Estratégia como direcionador. Os termos TIR e ROI foram excluídos da planilha, normalmente usamos eles para ponto de corte de projeto. Veja o exemplo na apresentação.
O tomador de decisões pode usar todos os dados, por exemplo, se ele quiser focar na estratégica de segurança, filtra-se a estratégia e os projetos que está no portfólio, depois alinha-se a melhor VPL e assim por diante.
Quando implementa a automação, com seus objetivos específicos que foram escritos desde a engenharia conceitual na FASE 1, é muito importante medir os efeitos prático, uma técnica interessante e eficaz é fazer uma composição de variáveis, que inicia na medição do processo, promovida pela automação, este parâmetro deve trabalhar dentro de uma faixa e sua variabilidade impacta diretamente nos grupos e indicadores produtivos, passando pela qualidade, quantidade, custeio e objetivo global, crie o indicadores de metas específicos, registre e ajuste para que o investimento entregue seus objetivos.
Como dissemos na área de Viabilidade Financeira em automação industrial, podemos pontuar algumas tendências:
- Os projetos de automação serem aprovados com base financeiras
- Os projetos de automação serem cobrados com bases em ROI
- Os projetos e automação serem alinhados com o Planejamento Estratégico da empresa
Concluímos que a tomada de decisões de investimentos de automação industrial, baseado em análise financeira, consolidam os benefícios que os sistemas trazem para a produção industrial no âmbito econômico.
1 comentário
Excelente material Guilherme. O Marcio Venturelli mencionou a realidade das decisões. Eu passei por todas essas etapas e formas de pensar desde quando era da área de Manutenção até chegar na área de Orçamento e Implantação de Projetos onde eu tive que mudar a minha visão totalmente. Eu consigo entender o que passa na cabeça de cada um e este post detalhou muito bem isso. Eu senti na pela o que é estar em cada lugar deste. Parabéns pela abordagem!